ÓPERA MODERNA MARAT-SADE TRAZ DISCUSSÕES POLÍTICAS PARA A REITORIA
Peça alemã ganha montagem curitibana e será apresentada entre 2 e 10 de agosto, no Teatro da Reitoria |
Marat-Sade é uma ópera moderna escrita em 1965 que se passa em 1808 e discute fatos relacionados à Revolução Francesa, em 1789 e 1793. Leardini explica que o texto de Peter Weiss faz parte do teatro épico-dialético, que busca a realização de obras não dramáticas, com atenção especial às discussões sociais, políticas e filosóficas. “Neste momento, em que uma espécie de marasmo político e ideológico faz-se presente pelo fracasso geral das instituições políticas e dos modelos político-sociais, essa peça reacende a antiga discussão sobre o engajamento e a postura individual frente à situação atual.”
A montagem traz ainda doses de humor característicos do teatro épico e muita movimentação musical. Fazem parte dos personagens quatro cantores de rua, auxiliados por um coro que representa o povo. No enredo, os integrantes de um sanatório são preparados pelo Marques de Sade para apresentar uma peça aos convidados do diretor da instituição. “É o metateatro, ou seja, uma peça dentro de outra, o teatro discutindo o teatro, os meios de produção teatral sendo discutidos na própria peça. O público vive uma situação dupla, de espectador dessas duas peças”, observa o diretor Jul Leardini.
A história tem como palco a sala de banhos do sanatório, onde se realizam os modernos tratamentos dos supostos doentes mentais, presos pelo regime monarquista de Napoleão Bonaparte. Ali, acontecem as discussões e o confronto de perspectivas diversas, discutindo pensamentos políticos e filosóficos em uma época de revolução. Entre os personagens estão Marat, o revolucionário; Marquês de Sade, o liberal; Coulmier, o conservador; Duperret, o reacionário; Padre Roux, o extremista; e Charlotte Corday, a imobilista. “A peça é de grande atualidade pela discussão: em meio à revolução, a contraposição de ideias e ideais”, diz Leardini.
Comentários