SATYRO'S E DELÍRIO UMA COINCIDÊNCIA CÓSMICA




Coincidência cósmica em torno de clássico de Petrônio marca estreia da Mostra XXX

Satyro’s e Delírio partem da mesma obra clássica para mostrar “lado obscuro da sociedade

Duas das três peças apresentadas na Mostra XXX são baseadas no clássico Satyricon, de Petrônio, escrito há 2070 anos. Os diretores Edson Bueno (Satyricon Delírio) e Rodolfo Garcia Vázquez (Satyro’s Satyricon) ficaram sabendo um da produção do outro em conversas separadas com o diretor-geral do Festival de Teatro de Curitiba, Leandro Knopfholz. “Foi uma coincidência cósmica”, diverte-se Rodolfo.

O Festival juntou as duas – e mais Ato de Comunhão, de Gilberto Gawronski – na Mostra XXX, primeira exclusivamente de temática adulta do evento realizado há 21 anos.

Baseadas no mesmo clássico, Delírio e Satyro’s são muito diferentes entre si, disseram os diretores em entrevista coletiva nesta quinta-feira. Guardam, no entanto, o mesmo desejo de inquietar, provocar e retratar “o lado obscuro da sociedade”, como acentua Rodolfo. Ele e Bueno fazem questão de usar a arte para discutir e quebrar paradigmas. “O Brasil caminha para um conservadorismo perigoso”, diz Bueno.

O viés de rompimento de paradigmas cai bem para duas produções que tratam de relações homossexuais, orgias, malandragem e mostram boa dose de nudismo. O Satyros trouxe aquele ambiente da Roma antiga para a Praça Roosevelt, em São Paulo, e seu movimentado mercado de prostituição masculina.

Edson construiu um texto a partir de várias traduções de Petrônio (da mais “sem-vergonha” feita por Paulo Leminski a outras mais tradicionais) e produziu um espetáculo “solto e caótico”, com 34 atores em cena – pelados, em boa parte do tempo . “Quanto mais maluco, melhor”, diz o diretor. “A plateia tem de se sentir num turbilhão.” A montagem inclui ainda um ícone do teatro paranaense: Regina Vogue paira acima do espetáculo como a deusa Gaia.

Rodolfo divide seu espetáculo em três: Trincha, Satyricon e Suburra, partes que define como instalação e balada cênicas. Essa estrutura dá vazão ao que o diretor reputa como ponto fundamental na obra de Petrônio. “O fantástico dele é que o personagem não é um deus, é um trambiqueiro. Ele dá voz a quem não é nada”, diz ele. “Isso é maravilhoso”.

Em tempo:  Satyricon Delírio
Espaço Cênico. Dias 6, 7 e 8 de abril, às 22h30.
Satyro’s Satyricon
Espaço Cênico. Dias 29 (hoje), 30 e 31 de março, às 22h30.
Mais informações: http://www.festivaldecuritiba.com.br/

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