MEMÓRIAS PERDIDAS A MATÉRIA PRIMA DE O JARDIM

Memórias perdidas, inventadas e eternas são a matéria-prima de O Jardim, da Cia Hiato


A partir de estudo sobre Alzheimer, Leonardo Moreira traz ao Festival de Teatro de Curitiba um olhar novo sobre as lembranças 
A memória é a matéria-prima do espetáculo O Jardim, que a Cia. Hiato apresenta no Festival de Teatro de Curitiba. Em cena estão três histórias de diferentes épocas. Elas acontecem simultaneamente em uma estrutura dramatúrgica e cenográfica que permite ao espectador acompanhar a história de uma família por um viés diferente, dependendo do lugar onde está acomodado.

A narrativa fala sobre as memórias perdidas, a partir do estudo da doença de Alzheimer, bem como das memórias que nunca se apagam e das memórias inventadas. “Nossa ideia é jogar um olhar jovem sobre a fragilidade das memórias que inventamos, das histórias que não nos abandonam, daquelas perdidas no caminho e sobre o que colecionamos em nossas caixas mais secretas”, enfatiza o diretor Leonardo Moreira.

Tem uma tensão entre realidade e ficção porque todas as histórias são feitas, também, a partir de histórias contadas pelos atores e por mim”, explica o diretor e dramaturgo, sobre a peça na qual os atores emprestam também seus nomes aos personagens. Caixas e objetos que sobraram dessa saga familiar dão forma ao cenário que vai se recriando a cada novo movimento, ambientando cada núcleo dramático em sua época. “Uma das etapas do trabalho foi colecionar referências sobre memória. Vimos muitos filmes, lemos muitos livros que tratam do assunto de maneiras diversas”, explica Moreira.

O Jardim pretende se conectar ao público também por meio de uma narrativa múltipla, reinventada pela reapropriação de episódios clássicos da literatura. Um deles é o trecho de “Em busca do Tempo Perdido”, de Proust, em que a degustação de um simples bolinho, mergulhado em uma xícara de chá, abre as portas para a memória de uma vida inteira. Também serviu como base, a autobiografia do neurologista ganhador do Prêmio Nobel Eric M. Kandel, que descreve os processos biológicos de memória e aprendizado.

A Cia Hiato, em atividade desde 2008, a mesma construiu um processo fluente, que da tempo para experimentação dos textos, sempre muito trabalhados. “O Jardim, especificamente, tem uma encenação muito ligada à dramaturgia, mas o texto não é linear. Se assemelha a um mapa e, por isso, ler o texto é algo difícil, porque ele foi todo pensado cenicamente”, esclarece.

A Cia Hiato foi criada em 2008, a partir da criação do espetáculo “Cachorro Morto”, diversas vezes premiado e que projetou o nome de Leonardo Moreira como um dos autores de destaque da cena paulista. Em 2009, criou “Escuro”, que teve cinco indicações ao Prêmio Shell 2010 e venceu em quatro categorias (Autor, Diretor, Cenário e Figurino). O espetáculo participou do Festival de Teatro de Curitiba naquele ano.

O Jardim, por sua vez, recebeu três indicações ao Prêmio Shell 2011 (Direção, Autor e Cenário), 3 indicações ao APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte (Autor, Diretor e Espetáculo), tendo sido vencedor na categoria Melhor Direção e 5 indicações ao Prêmio CPT - Cooperativa Paulista de Teatro (Autor, Diretor, Elenco, Espetáculo e Projeto Visual – Iluminação, Cenário e Figurino)

O Jardim será encenado no Auditório Horácio Coimbra, CIETEP, de 5 a 7 de Abril às 21h, com ingressos ao custo de R$25 e R$50. Numa realização da Cia. Hiato, Dramaturgia e Direção: Leonardo Moreira
Elenco: Aline Filócomo, Fernanda Stefanski, Luciana Paes, Mariah Amélia Farah, Paula Picarelli, Thiago Amaral
Ator Convidado: Edison Simão
Cenário: Marisa Bentivegna
Assistente de Cenografia: Ayèlen Gastaldi
Desenho de Luz: Marisa Bentivegna
Operação de Luz: Ayèlen Gastaldi
Música Original: Marcelo Pellegrini
Figurinos: Theodoro Cochrane
Assistência de Direção: Amanda Lyra
Fotos e vídeos: Otávio Dantas
Criação Gráfica: Cassiano Tosta – DGRAUS
Gestão de Projeto: Aura Cunha
Produç&at ilde;o Executiva: João Victor D’Alves
Classificação: 14 anos
Duração: 90 minutos. 

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